Educação inovadora é motor para mais mulheres na ciência

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Educação inovadora é motor para mais mulheres na ciência

Educação inovadora é motor para mais mulheres na ciência

Leia depoimento inspirador da jovem colaboradora da Education Journey Juliana Estradioto, que graças a suas contribuições científicas hoje batiza um asteroide

Publicado por Education Journey
Data: 11/02/2021

Antes mesmo de completar 20 anos, a hoje colaboradora da Education Journey Juliana Estradioto conseguiu transformar resíduos do maracujá e da macadâmia em produtos tão úteis como um plástico biodegradável e uma membrana que pode ser usada para substituir tecidos humanos em procedimentos médicos. Reconhecida internacionalmente, acabou batizando um asteroide (fruto de uma premiação do renomado Instituto de Tecnologia de Massachussets, nos Estados Unidos) e assistindo à cerimônia de entrega do Nobel de 2019.

Neste 11 de fevereiro, Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, ela conta como os estereótipos de gênero e o modelo tradicional de educação quase acabaram com seu espírito questionador, por fim reavivado por uma escola inovadora e uma professora dedicada. E lembra que todos temos um papel em incentivar a presença feminina na ciência – os ganhos, afinal, também são coletivos.

Leia seu depoimento:

Segundo uma pesquisa do INCT-CPCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia, 93% dos jovens do país não sabem citar o nome de algum cientista brasileiro. Além disso, no mundo todo, as mulheres representam menos de 30% dos pesquisadores nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática. Com esses dados, é difícil acreditar que há esperança. Mas como podemos mudar esse paradigma? Minha resposta é baseada no que eu vivi: precisamos incentivar as meninas a serem protagonistas do seu próprio conhecimento.

Por quê?

Uma das minhas brincadeiras preferidas quando eu era criança se chamava “Por quê?”. Brincava sempre com minha amiga Fernanda. Funcionava assim: primeiro, uma de nós precisava fazer uma afirmação. Ato contínuo, a outra perguntava “Por quê?”. Por fim, vinha uma resposta, fosse ela verdadeira ou inventada. E assim continuávamos até esgotarmos nossas perguntas e respostas.

Mas, conforme o tempo foi passando, eu aprendi com os adultos que as respostas “porque sim” e “porque não” são aceitáveis e, com isso, minha vontade de questionar foi diminuindo. Apesar de ter sido uma criança questionadora, eu me tornei uma adolescente observadora, mas não tão curiosa. O sistema educacional em que eu só memorizava e repetia informações nas provas fez isso comigo. Mas a ciência fez ressurgir em mim essa vontade de perguntar.

Motivação

Quando ia começar o Ensino Médio, eu fui aprovada no processo seletivo do Instituto Federal do Rio Grande do Sul – campus Osório, e um mundo de possibilidades se abriu à minha frente. Nessa instituição, cujos pilares são ensino, pesquisa e extensão, eu pude redescobrir minha vontade de questionar.

Comecei a participar como voluntária de um projeto de extensão para auxiliar os agricultores familiares de onde eu moro. Foi aí que notei um problema comum na minha região, o litoral norte gaúcho. Percebi que as pequenas agroindústrias produziam muito lixo orgânico quando processavam os alimentos, causando poluição no meio ambiente.

Estudando em uma instituição tão incrível como o IFRS e tendo o incentivo da minha professora orientadora, veio a vontade de ajudar a minha comunidade. Comecei a me perguntar: por que não tentar utilizar essas sobras de frutas para produzir materiais que possam ser úteis ao ser humano?

Minha professora orientadora, a Dra. Flávia Twardowski, me guiou durante toda essa caminhada. Com 15 anos, eu estava não só aprendendo sobre o método científico nos livros, mas também vivenciando-o com minhas próprias mãos. Inovar na educação é isso: proporcionar que os alunos participem ativamente do processo educacional, mesmo com todas as dificuldades.

No meu caso, não tínhamos laboratório na minha escola para realizar os experimentos de química e biologia. Isso não me impediu: eu usava equipamentos de cozinha para fazer meus testes e tentar responder minhas dúvidas! Deu errado muitas vezes, mas é assim que se faz ciência – muitas tentativas e hipóteses negadas. Precisamos parar de buscar a solução/resposta perfeita. A pesquisa me ensinou que o crescimento acontece quando a gente se pergunta: o que eu posso fazer diferente?

Futuro

Eu já escutei que mulheres não conseguem projetar o espaço tridimensional e por isso não entendemos conceitos de matemática. Escutando afirmações como essas, nós, meninas, começamos a “aceitar” que não somos tão inteligentes. Precisamos mudar essa atitude! Precisamos dizer para cada menina que elas são muito capazes e inteligentes. Que podemos ocupar qualquer espaço que quisermos – inclusive a ciência!

Quanto mais diverso for um ambiente, mais produtivo. Ao limitar o espaço de minorias, estamos também perdendo novos pontos de vista e argumentos. Nós todos, cientistas e sociedade, precisamos lutar para que a ciência e as mulheres na ciência sejam valorizadas e recebam investimentos. E isso pode ser feito de formas tão simples quanto incentivar uma criança a perguntar “Por quê?”.

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