Qual o real significado de inovação na educação?
Para adequar nossos modelos educacionais a um novo cenário, não basta incorporar tecnologia: é preciso olhar também para o currículo e as metodologias
Publicado por Camila Pereira
Data: 15/02/2021
Muito se fala na necessidade de promover mais inovação na educação. No entanto, frequentemente esse conceito é compreendido apenas como sinônimo da incorporação de tecnologias digitais ao ensino. Na verdade, esse é apenas um dos pilares possíveis da transformação no setor. Para realmente mudar a forma como se ensina e se aprende no século XXI é preciso atuar em diferentes frentes.
Já é bem conhecido que o modelo educacional atual foi criado para atender a um modelo econômico industrial, em que a produção acontece de forma padronizada e em escala. Visando educar o maior número de alunos com o menor investimento possível, esse formato acaba por oferecer uma solução homogeneizada para estudantes com necessidades diferentes.
Em seu livro The end of average: how to succeed in a world that values sameness (O fim da média: como ter êxito em um mundo que valoriza a uniformidade, 2017, sem edição no Brasil), o pesquisador Todd Rose aponta que “ao longo do século passado, nós aperfeiçoamos o nosso sistema educacional para que ele funcione como uma máquina Taylorista [..], espremendo cada possível queda de eficiência para servir ao objetivo a que essa arquitetura foi originalmente projetada: classificar os estudantes para atribuir a cada um o seu lugar apropriado na sociedade”. (Rose, Todd. The End of Average (p. 56))
Além do currículo padronizado, o modelo de ensino mais amplamente utilizado atualmente também reproduz a dinâmica industrial: horários bem definidos, rotina repetitiva, avaliações que visam classificar e não orientar o aprendizado… Para um cidadão do século XX, ser capaz de se adequar a essas normas poderia até ser benéfico e ajudá-lo a ser bem-sucedido na carreira. Porém, no século XXI, essas premissas começam a ser questionadas.
Economia do conhecimento
A economia do conhecimento substitui cada vez mais a industrial, trazendo propostas como horário flexível, a auto-administração, a criatividade, a interdisciplinaridade e até mesmo a capacidade de lidar com a ambiguidade e a falta de uma proposta bem definida de trajetória profissional.
Além do mundo do trabalho, uma realidade cada vez mais globalizada e multicultural também traz novos desafios para a formação social dos indivíduos. A necessidade de conviver com realidades diferentes ficará cada vez mais evidente, e a formação para a participação social para além da produção econômica é uma pauta relevante.
Por fim, o fio condutor de muitas dessas mudanças que trazem desafios para a educação é a própria tecnologia. A automatização, a disponibilização de informações e a conectividade são alguns dos fatores que, cada vez mais intensificados, alteram o cenário para o qual estamos educando. Por isso, incorporar novas ferramentas tecnológicas é imprescindível, não apenas como forma de alterar o processo educacional, mas também de formar um aluno pronto para lidar com a tecnologia de forma crítica.
A inovação na educação começa, portanto, com um questionamento: para quê estamos educando? A partir dele, podemos definir o quê (currículo) e como (metodologia e tecnologia) precisa ser inovado.
Responder a essa pergunta requer entender não apenas como o mundo está se alterando, mas também o que deveria ser alterado. O que vamos deixar para as próximas gerações, afinal, não é apenas o que podemos construir para eles, mas também as oportunidades que proporcionamos para que eles construam o mundo em que querem viver. E a educação, mais do que nunca, é uma peça fundamental para que essas possibilidades sejam as melhores possíveis.
Quer saber mais sobre como inovar em cada um desses pilares? Consulte as seções Currículo, Metodologia e Tecnologia para acessar nossos artigos e conhecer as tendências em cada uma dessas áreas!