Escassez de profissionais qualificados continua crescendo
Com o desafio de acompanhar a transformação digital, talentos e recrutadores têm enfrentado dificuldades para cumprir suas expectativas
Por Tatiane Seoane
Data: 21/09/2022
É uma dor mundial. Uma porcentagem considerável da liderança identifica a falta de profissionais qualificados como um obstáculo que afeta a competitividade e a produtividade dos negócios.
Globalmente, o índice de escassez de talentos hoje é o maior desde os últimos 16 anos, atingindo 75%, de acordo com o estudo ¨Escassez de talentos no Brasil e no Mundo¨ publicado pela consultoria ManpowerGroup. Neste ranking, o Brasil está em nono lugar, com 81% de carência de mão de obra qualificada em 2022.
As vagas simplesmente não são preenchidas porque faltam candidatos que se enquadrem nas demandas técnicas e, principalmente, comportamentais. A pesquisa destaca que as habilidades emocionais mais procuradas pelos empregadores são: raciocínio e resolução de problemas, resiliência e adaptabilidade, iniciativa, confiabilidade e autodisciplina, espírito colaborativo e trabalho em equipe.
Pelo lado dos profissionais, eles também estão exigentes, principalmente depois da pandemia, que trouxe novas perspectivas sobre a importância da saúde mental e da qualidade de vida. Eles esperam que as empresas ofereçam mais flexibilidade, remuneração competitiva, boas condições de trabalho e desenvolvimento de habilidades.
Estas são conclusões de outro estudo da ManpowerGroup, o ¨The Great Realization: panorama do mundo do trabalho 2022¨, que revela também que 4 em cada 10 pessoas querem escolher os dias que trabalham remotamente, e 3 em cada 10 trabalhadores querem mais tempo para cuidar da saúde mental.
Setores mais afetados
Outro legado da pandemia, é o aceleramento da digitalização da economia e, com ela, a necessidade de determinados perfis profissionais. Embora o setor de tecnologia tenha sido um dos menos afetados pela crise econômica derivada da crise sanitária, ele não escapa da dificuldade de encontrar profissionais especialmente para os cargos de desenvolvedores de software, analistas de segurança cibernética, especialistas em IA (Inteligência Artificial) e aprendizado de máquina (machine learning, em inglês).
Segundo dados da ManpowerGroup, a escassez de profissionais de tecnologia no Brasil corresponde a 84%, ao lado do setor de Indústria, e somente atrás do setor de Banco & Finanças, com 86%.
Futuro do trabalho
A requalificação e a qualificação já são inegociáveis para colaboradores e organizações. Para atrair e reter talentos, os recrutadores precisam oferecer oportunidades de aprendizagem e contribuir para o aprimoramento dos seus colaboradores. Por isso, cada vez mais empresas estão investindo em uma cultura de aprendizagem e subsidiando formações de curta e longa duração para seus colaboradores.
Muitas delas são qualificações desenvolvidas internamente, com treinamentos, porém as empresas têm buscado cada vez mais ferramentas externas que se conectem com diferentes áreas de ensino e direcionem o desenvolvimento de todos os seus colaboradores para suprir a lacuna de habilidades técnicas e socioemocionais.
Essa é também uma expectativa dos trabalhadores. A pesquisa da consultoria mostra que 81% dos funcionários esperam que os programas de treinamento indicados pelos seus líderes os ajudem a manter suas habilidades atualizadas.
Desse modo, oferecer oportunidades de aprendizagem e acompanhar o desenvolvimento dos colaboradores é uma forma de atrair talentos e reter a longo prazo. Os gestores de pessoas devem encontrar o equilíbrio entre encontrar os profissionais prontos no mercado e buscar potenciais talentos que possam ser desenvolvidos internamente. Esta flexibilidade pode ser uma arma poderosa para driblar as demandas que causam a escassez de talentos atual.
