Adeus, sala de aula industrial; olá, educação do futuro!
Não faz sentido insistir em uma escola que se parece a uma fábrica de alunos. Está na hora de incorporar tecnologias, renovar metodologias e atualizar currículos
Publicado por Luisa Pereira
Data: 18/11/2020
Atualizado em 19/03/2021
Carteiras enfileiradas, professor em pé em frente ao quadro e alunos sentados escutando passivamente o conteúdo ministrado. Conhecido como “sala de aula industrial”, esse modelo ainda tão presente nos dias atuais foi criado com o propósito de preparar os alunos para o mundo fabril, repetitivo, de disciplina coletiva e homogeneização inaugurado com a Revolução Industrial.
Porém, no século XXI, computadores são capazes de realizar tarefas automaticamente e, em poucos anos, a inteligência artificial e a nanotecnologia vão trazer ainda mais mudanças para o mercado de trabalho. A educação do futuro tem que ser capaz de equipar os estudantes para serem bem-sucedidos nesse novo mundo.
Nessa realidade já em construção, as habilidades mais valorizadas tendem a ser justamente aquelas que não podem ser facilmente replicadas por robôs, como a criatividade, o pensamento crítico, a colaboração, a adaptabilidade e a inteligência emocional. Além disso, ganha cada vez mais importância a capacidade de lidar com as novas tecnologias e de programar as máquinas para a resolução de diferentes problemas.
Não faz sentido, portanto, insistir em uma escola que se parece a uma antiga fábrica do século XVIII. Para que a educação seja realmente relevante, é preciso incorporar tecnologias, renovar metodologias e atualizar os currículos, que precisam evoluir junto com a sociedade.
No caso da tecnologia, a implementação de medidas para a contenção da Covid-19 no Brasil e no mundo levou a uma aceleração de sua adoção na educação. Antes vista com desconfiança por parte de gestores, educadores e famílias, ela se tornou essencial para viabilizar a continuidade do aprendizado, ainda que com limitações. O provável é que, mesmo após controlada a pandemia, continue tendo maior presença no ensino, como uma importante ferramenta auxiliar para atividades presenciais ou à distância.
Além de ajudar a preparar os estudantes para o mercado de trabalho, a incorporação de tecnologias digitais à educação também se adapta aos alunos de hoje, que são os primeiros a crescerem com a internet. Hoje em dia, a informação está a um toque de distância. Google, YouTube e várias outras plataformas oferecem conteúdos gratuitos para todos os tipos de gostos e níveis de conhecimento, permitindo que cada um tome as rédeas de seu aprendizado de uma forma que não era possível antigamente.
Com isso, o papel do professor também está se afastando cada vez mais daquele de um “instrutor” e se transformando em um de mentor. Na educação do futuro — que já começa a chegar a muitas escolas — não será mais necessário ficar em pé em frente à turma ditando um conteúdo que pode ser facilmente encontrado na internet. Em vez disso, o professor estará lado-a-lado com o aluno, ajudando-o na resolução de problemas e criando ambientes que fomentem a colaboração.
As próprias barreiras entre as disciplinas, tão comuns nos currículos tradicionais, precisarão ser ultrapassadas, preparando as novas gerações para um contexto onde a habilidade de fazer inter-relações, inovar, comunicar e colaborar com times globais será cada vez mais necessária.
A educação do futuro, portanto, será centrada no aprendizado personalizado e cooperativo. Por um lado, as possibilidades trazidas pela tecnologia possibilitam que os objetivos de aprendizagem sejam alinhados aos interesses e aptidões individuais. Por outro lado, a mudança no papel do professor permite maior atenção individualizada e colaboração entre colegas.
Apenas assim a educação estará enfim evoluindo lado-a-lado com a sociedade.