Criar um ambiente propício às novas ideias não é algo trivial, mas pode ser feito com uma série de estratégias capazes de favorecer a colaboração e a experimentação
Por Camila Pereira
Inovação ou morte. À primeira vista, a sentença pode parecer exagerada. Mas, em um mundo marcado pela transformação digital e pelas mudanças climáticas, não há dúvidas de que o que funcionava alguns anos atrás já não serve mais. Para as empresas, isso significa que o sucesso e a longevidade dos negócios depende fortemente de sua capacidade de gerar ideias e soluções alinhadas com os novos padrões de comportamento, consumo e exigências socioambientais. Para isso, é fundamental construir uma cultura de inovação sólida na organização.
Atingir esse objetivo, no entanto, pode ser complexo. Pressionar os colaboradores ou esperar que novas soluções surjam como que por mágica não vai ajudar em nada. É preciso, isso sim, criar um ambiente propício à inovação. Isso significa combinar uma série de fatores para estabelecer um ecossistema organizacional colaborativo e aberto à experimentação. Abaixo, listamos os principais pontos que é preciso ter em mente:
Valores
A inovação precisa, acima de tudo, de criatividade. E a criatividade é basicamente uma maneira de expressar a nossa individualidade: as ideias nascem da forma como vemos e nos conectamos com o mundo. Por isso, organizações inovadoras precisam, antes de mais nada, ter abertura para que cada colaborador expresse a sua individualidade.
Como consequência, a confiança também é um valor que deve estar no cerne da cultura empresarial. Inovar envolve correr alguns riscos, por isso a premissa de que todos querem o sucesso da companhia e de que a companhia quer o sucesso de cada colaborador é importante para construir a segurança necessária para propor novas ideias. A colaboração também é um fator importante, tanto para gerar novos insights quanto para implementar as mudanças propostas. E ambientes colaborativos precisam de confiança para serem cultivados.
Outro fator muito importante são as políticas de diversidade e inclusão. Segundo uma pesquisa realizada pela consultoria Accenture, empresas com maior diversidade e inclusão geram mais inovação. Isso porque seus funcionários se sentem mais seguros e acolhidos, e portanto têm menos medo de errar. Além disso, a exposição a diferentes pontos de vista ajuda a gerar mais soluções fora da caixa. Essa diversidade pode vir da pluralidade de gênero, etnia, orientação sexual, origem geográfica e socioeconômica, ou mesmo da formação intelectual de cada colaborador.
Por fim, é muito importante desenvolver uma cultura de aprendizagem contínua na empresa. Quando cada colaborador se torna um lifelong learner, seu repertório e sua capacidade fazer conexões entre diferentes assuntos aumentam, favorecendo a inovação. Para que isso ocorra, há diversas estratégias possíveis. Uma delas é destinar parte da jornada de trabalho para ações de aprendizagem (individual ou em grupo). Outra é facilitar o acesso dos colaboradores ao que de mais inovador existe em educação. Ao contratar o benefício flexível da Education Journey, a empresa coloca à disposição de seus funcionários diversas trilhas de aprendizagem que reúnem conteúdos das melhores empresas de formação profissional do mercado, dando-lhes mais autonomia para aprender o que realmente importa para seu dia a dia.
Design
Algumas escolhas no modo de funcionamento da organização também podem fortalecer a cultura de inovação. A forma como é instituída a liderança e a hierarquia entre os cargos é uma delas. É intuitivo que estruturas hierárquicas muito rígidas podem reprimir a inovação, afinal, os insights de muitos colaboradores podem deixar de ser ouvidos. Porém, abandonar totalmente qualquer tipo de hierarquia não é tão eficiente quanto pode parecer: uma pesquisa do MIT mostra que o gerenciamento é necessário tanto para estabelecer uma direção ao time quanto para garantir que os processos fluam com a participação ativa de todos. O importante é que essa liderança não interfira nas colisões criativas do grupo.
Outro fator relevante é a escolha de sistemas de incentivo. Como mencionado antes, a inovação envolve riscos. Por isso, para que ela saia do discurso, é importante que a experimentação seja recompensada, mesmo que não tenha gerado o resultado esperado. Jeff Bezos, fundador da Amazon, estabeleceu uma cultura de tolerância e recompensa à falha para construir uma das maiores companhias da atualidade. Porém, é necessário ressaltar que a falha precisa estar atrelada ao aprendizado para ser valiosa.
Outra organização famosa por sua cultura de experimentação é o Google, que estabeleceu já nos seus primeiros anos a regra de que cada funcionário poderia usar 20% do seu tempo na empresa para desenvolver projetos experimentais próprios que poderiam — ou não — trazer resultados para a empresa mais à frente. Essa política gerou alguns dos seus produtos mais bem-sucedidos, como o Gmail e o AdSense. Embora não esteja claro se o Google ainda emprega essa política, oferecer flexibilidade e recursos para explorar novas ideias pode potencializar a inovação em empresas que estejam em expansão ou estagnadas.
Por fim, algumas escolhas de design relacionadas ao espaço físico também podem contribuir para gerar mais inovação em uma organização. Espaços abertos e acessíveis, em que a comunicação é incentivada, facilitam o fluxo e a geração de ideias. Basta pensarmos nos cafés em que muitos movimentos intelectuais e artísticos nasceram, ou nas salas de antigos centros de pesquisa onde problemas e possíveis soluções eram registrados em quadros negros coletivos. Na nova realidade dos ambientes de trabalho virtuais, repositórios ou quadros digitais podem servir a esse propósito.
Porém, tão importante quanto a exposição a novas informações é a possibilidade de incubá-las para gerar novas ideias. No livro The Eureka factor: Aha moments, creative insights and the brain (O fator Eureka: momentos Aha, insights criativos e o cérebro, em tradução livre), os pesquisadores John Kounios e Mark Beeman explicam que períodos de introversão e reflexão também são necessários para que o cérebro consiga conectar as informações coletadas e gerar novas soluções. Incentivar a destinação de horários na agenda para trabalho focado e reflexão é uma forma de possibilitar esse hábito.
Processos
A forma como uma organização estabelece seus processos também pode ser decisiva para que ela possa, efetivamente, implementar ideias inovadoras.
O centramento no cliente é frequentemente citado como um dos focos das empresas mais inovadoras. Na prática, isso significa oferecer canais para coletar e registrar suas necessidades e insights, além de usar essas informações para estabelecer prioridades nas tomadas de decisão.
Também podem ser estabelecidos processos para possibilitar uma cultura de experimentação. Objetivos e perguntas de pesquisa bem estabelecidos ajudam a tornar mais eficientes os testes de hipóteses. Além disso, encontrar formas de aprender utilizando poucos recursos ajuda a reduzir os riscos de inovar.
Para implementar esses processos, utilizar metodologias bem testadas é extremamente útil. O design thinking, criado pela consultoria IDEO, já ajudou muitas organizações a serem mais inovadoras. Outras metodologias, como o agile, o design sprint e o double diamond, estão sendo constantemente desenvolvidas para facilitar processos inovadores de acordo com as necessidades das organizações.
Mais uma vez, fica evidente a importância de investir na formação constante dos colaboradores. Por isso, estamos à disposição se quiser conhecer mais sobre nossa plataforma, que reúne as mais inovadoras soluções educacionais do mercado. Nosso objetivo é que todos possam aprender o que realmente importa a cada momento de sua trajetória.
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