Transformações trazidas pela crescente automação das empresas aumentam a importância da qualificação profissional e põem em evidência novas habilidades
Por Bruna Fleury
O mundo do trabalho está em franca transformação. A inteligência artificial, a automação e a robótica tornarão essa mudança tão ou mais significativa que a provocada pela mecanização ocorrida antes na agricultura e na manufatura. As previsões sobre o futuro do trabalho não deixam dúvidas: muitos empregos serão extintos e outros tantos serão criados. Certo é que quase todos se transformarão.
Esse cenário de incertezas impõe desafios adicionais à educação, já que não é possível saber com clareza quais serão as profissões mais demandadas em um horizonte próximo. Ao mesmo tempo, as rápidas transformações em curso aumentam a importância de que a formação não fique restrita a um período específico da vida e nem às instituições formais de ensino, tornando-se uma constante para os mais diversos profissionais — a chamada aprendizagem ao longo da vida (lifelong learning, no termo em inglês).
Em relatório divulgado em outubro de 2020, o Fórum Econômico Mundial previu que, até 2025, a automação e a divisão do trabalho entre humanos e máquinas substituirão 85 milhões de empregos em empresas de médio e grande porte de 15 setores e 26 economias, incluindo o Brasil.
De acordo com o relatório, mais de 80% das empresas já estavam acelerando a digitalização de processos de trabalho e a implantação de novas tecnologias, enquanto 50% dos empregadores tinham planos de investir na automação de algumas funções. Além disso, o relatório também indica que quase 50% das pessoas que permanecerem nos seus postos de trabalho até 2025 precisarão de requalificação.
Nesse contexto, empresas e profissionais que entenderem a importância da educação continuada terão mais chances de sucesso.
Como a automação muda a demanda por habilidades da força de trabalho
O futuro do trabalho será acompanhado por uma mudança nas habilidades mais demandadas pelo mercado.
A automação diminuirá a necessidade de trabalhadores que exercem funções previsíveis, manuais ou repetitivas, como por exemplo pilotos, motoristas, operários de fábricas, entregadores, reparadores mecânicos e profissionais de atendimento ao cliente, por exemplo.
Ao mesmo tempo, haverá uma procura crescente por habilidades cognitivas complexas que envolvem a criatividade, o pensamento crítico, a tomada de decisões, a comunicação com pessoas de origens diversas, a resolução de problemas e a análise de informações. Algumas profissões que já estão em alta são as de especialista em inteligência artificial, cientista de dados, especialista em marketing digital e gerente de projetos.
A adaptabilidade e a capacidade de aprender, desaprender e reaprender ao longo da vida aparecem como valores centrais.
Qual será o papel da educação nesse cenário?
Diante desse cenário, as instituições de ensino precisam fortalecer o cultivo de habilidades como o pensamento crítico, a proatividade, a resolução de problemas, a colaboração e a alfabetização plena.
Fornecer aos estudantes uma base sólida dessas habilidades e ajudá-los a navegar pelas ferramentas que instigam o desejo de nunca parar de aprender é fundamental para prepará-los para quaisquer carreiras ou setores que venham a surgir.
Assim, as salas de aula do futuro serão centradas no aprendizado individualizado e personalizado. Essa abordagem centrada no aluno permite que ele tenha autonomia para escolher seu próprio ritmo e objetivos de aprendizagem com base em interesses e capacidades individuais. A metodologia tradicional de ensino, onde há um professor diante de uma sala cheia de alunos que ouvem passivamente às orientações, dará lugar a um espaço mais colaborativo onde o educador assume o papel de mentor.
Além disso, ganharão cada vez mais importância outros ambientes de aprendizagem além da escola e da universidade. Atualmente, já existem muitas ferramentas digitais que possibilitam o aprendizado dos mais variados temas em qualquer lugar com uma conexão à internet, tornando muito mais fácil a tarefa de continuar sempre aprendendo.
Como as empresas podem se adaptar?
Para sobreviver e prosperar em meio às mudanças tecnológicas e comportamentais em curso, as empresas precisam reorganizar as estruturas corporativas, tendo um novo olhar sobre os talentos que já possuem e clareza sobre os que ainda precisam ser encontrados.
Uma solução viável para preencher lacunas de conhecimento é incentivar a cultura de aprendizagem em toda a organização, fornecendo ativamente opções de formação continuada. O benefício flexível da Education Journey, que dá acesso às melhores soluções educacionais disponíveis no mercado para os colaboradores e suas famílias, é uma excelente opção nesse sentido.
Muitas empresas também optam por incentivar a agilidade através de times colaborativos e multifuncionais. Ao contrário de hierarquias tradicionais, projetadas para a estabilidade e baseadas na rotina, há a valorização de profissionais notáveis por sua adaptabilidade, aprendizado rápido e agilidade em resolver problemas — características comuns daqueles com íntimo relacionamento com a tecnologia.
Construindo a força de trabalho do futuro
Uma vez identificadas as necessidades da empresa, é possível adotar uma ou mais das seguintes ações para adequar a força de trabalho ao mundo contemporâneo:
Retreinamento – O retreinamento envolve o aumento da capacidade dos funcionários já existentes, ensinando-lhes novas habilidades para qualificá-los com as aptidões necessárias.
Realocação – As empresas também podem realocar trabalhadores com habilidades específicas para fazer melhor uso de sua capacidade dentro do negócio.
Contratação – Contratar indivíduos ou equipes inteiras com o conjunto de habilidades necessárias é outra opção, embora a oferta de talentos no mercado possa ser insuficiente.
Demissão – A demissão de funcionários pode ser um recurso para empresas em setores que não estão crescendo e nos quais a automação pode substituir a mão de obra de forma significativa.
Independentemente da estratégia a seguir, é fundamental ter em mente que a escassez e a inadequação de competências têm implicações negativas para todos os envolvidos. Uma força de trabalho bem treinada e equipada com as habilidades necessárias para adotar novidades garantirá que os funcionários se sintam positivamente desafiados e que a economia cresça de forma longeva e sustentável.