Como tirar proveito da aprendizagem entre pares

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Como tirar proveito da aprendizagem entre pares

Como tirar proveito da aprendizagem entre pares

Interação entre alunos tem papel central nesta metodologia ativa, que aumenta a compreensão dos conteúdos e fortalece o senso de comunidade na escola

Publicado por Bruna Fleury
Data: 19/02/2021

A aprendizagem entre pares (do inglês peer instruction) é uma metodologia ativa de ensino em que são formadas duplas ou mesmo pequenos grupos de alunos com o objetivo de que um ajude o outro a compreender determinado conteúdo. Essa interação entre os estudantes, sob orientação do educador, costuma facilitar o entendimento e a consolidação da matéria.

Para um professor versado em determinada disciplina, muitas vezes pode ser difícil entender as dificuldades de um aluno novato, bem como esclarecer suas dúvidas em uma linguagem acessível para ele. Já um colega que aprendeu esse conteúdo recentemente costuma ter maior clareza sobre as dificuldades e erros de um iniciante, além de poder dedicar a ele um tempo individual que seria inviável para o professor.

Há diversas maneiras de aplicar a aprendizagem entre pares em uma sala de aula — não se trata, afinal, de uma estratégia educacional única e indiferenciada. As possibilidades variam desde o modelo tradicional de supervisor, no qual alunos mais velhos dão aulas a alunos mais novos, até dinâmicas de aprendizagem mais inovadoras, nas quais alunos do mesmo ano formam parcerias para ajudar uns aos outros tanto no conteúdo do curso quanto em questões pessoais.

Outros modelos envolvem seminários, grupos de estudo, esquemas de avaliação por pares, projetos colaborativos, trabalhos de laboratório, projetos em grupos de diferentes tamanhos e atividades comunitárias. As possibilidades são inúmeras.

Ao optar por formar pares em que alunos de séries superiores ajudam aqueles de séries inferiores, por exemplo, os mais novos têm a chance de aprender o conteúdo ao mesmo tempo em que se espelham em um modelo positivo mais próximo de sua realidade. Já os mais velhos revisitam e consolidam conteúdos passados ao mesmo tempo em que desenvolvem habilidades socioemocionais importantes, como a paciência e a empatia.

Além disso, para alunos de estágios mais avançados que estão tendo dificuldade com o conteúdo de sua série, a metodologia representa a oportunidade de assumir um papel de maior reconhecimento e acessar material de estudo mais fácil de maneira livre de estigma ou vergonha, em uma experiência que pode ter impactos positivos para sua auto-estima e para o avanço no aprendizado.

Já a opção de formar pares dentro de uma mesma turma é uma forma eficaz de gerenciar os diferentes tempos de aprendizagem dos alunos. Aqueles que tenham entendido determinado conteúdo de forma mais rápida podem explicá-lo a um colega com mais dificuldade, desenvolvendo sua própria compreensão e colaborando para o bom desempenho da classe.

Quando usar?

Desenvolvida pelo professor da Universidade de Harvard Eric Mazur, a metodologia inicialmente foi pensada para ser usada nas aulas de física e outras ciências exatas. Atualmente, no entanto, há relatos de experiências bem sucedidas nas mais diversas disciplinas e etapas de ensino.

Em algumas escolas, por exemplo, o método é usado para ajudar na alfabetização, com encontros periódicos entre alunos de séries iniciais do Ensino Fundamental e outros da Educação Infantil. Ao lerem livros para os menores, os maiores reforçam sua capacidade de leitura ao mesmo tempo em que ajudam a familiarizar os pequenos com as letras e os inspiram com sua fluidez. Além disso, a prática contribui para a formação de vínculos emocionais e o desenvolvimento do hábito da leitura entre todos.

Atividades como essa podem ser realizadas em uma sala de aula, biblioteca, refeitório ou até mesmo ao ar livre em uma tarde agradável. Idealmente, os alunos devem ser organizados em pares, mas grupos de três também podem funcionar. 

Benefícios

Quando usada de forma eficaz, a aprendizagem entre pares oferece uma série de benefícios:

  • Os alunos desenvolvem a comunicação oral e habilidades de liderança;
  • A autoestima deles aumenta;
  • Eles se beneficiam de uma maior responsabilidade sobre seu aprendizado;
  • As atitudes em relação ao trabalho em equipe melhoram, ajudando no processo de aprendizagem e preparando-os para o futuro e para a vida em comunidade;
  • Os alunos recebem mais tempo e atenção para um aprendizado individualizado;
  • A interação direta entre os alunos promove a aprendizagem ativa;
  • Ao interagir com um colega, os alunos se sentem mais à vontade e abertos do que com o professor;
  • Os colegas compartilham um discurso semelhante, permitindo uma maior compreensão entre eles.

É importante notar que, nessa dinâmica, o trabalho do professor continua sendo vital para que os objetivos sejam atingidos. Para que os resultados sejam positivos, é preciso um bom planejamento das aulas e a organização de uma estrutura que possibilite a cada aluno dar sua contribuição.

Um dos principais desafios é justamente formar pares funcionais e fomentar um ambiente em que todos se sintam confortáveis para contribuir, e não apenas os mais extrovertidos ou com melhor histórico escolar. Além disso, é preciso encontrar o equilíbrio entre dar aos estudantes liberdade para explorar conceitos e não permitir que as sessões percam o foco.

Apesar de ser uma ferramenta poderosa, a mentoria entre pares ainda é subutilizada em muitas escolas. No entanto, se o objetivo é promover uma aprendizagem mais profunda e desenvolver o senso de comunidade local, proporcionar maneiras de que os alunos colaborem entre si é um ótimo começo.

Quer conhecer outras metodologias ativas de ensino? Leia nossos artigos sobre sala de aula invertida, aprendizagem baseada em equipes, aprendizagem baseada em projetos e aprendizagem baseada em projetos no ensino remoto. Depois é só escolher a que melhor se adapta a sua realidade!

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