Diversidade na escola: abrindo as portas para o diferente
Instituições de ensino inclusivas ajudam os alunos a reconhecerem sua importância social e criam um espaço mais propício para a aprendizagem e a formação cidadã
Publicado por Luisa Pereira
Para muitos, o Brasil é sinônimo de diversidade. Nossa população tem forte presença de descendentes de africanos, europeus, indígenas e asiáticos, culminando em uma imensa multiplicidade cultural. Porém, a desigualdade está enraizada em nosso dia a dia e muitas vezes não convivemos de igual para igual com todos esses grupos. Assim, é extremamente importante cultivar a diversidade na escola, onde os alunos passam grande parte de seu tempo e onde recebem as bases de sua formação cidadã.
Diversidade é tudo o que torna as pessoas diferentes umas das outras. Isso inclui muitos fatores: raça, etnia, gênero, orientação sexual, status socioeconômico, idade, deficiências físicas e mentais, transtornos de desenvolvimento, crenças religiosas ou convicções políticas. Trazê-la para a sala de aula tem inúmeros benefícios.
Quando as escolas adotam abordagens inclusivas e responsivas à diversidade, os alunos podem ver sua identidade representada nos materiais didáticos, em outros alunos e nos professores, o que incentiva o reconhecimento de sua importância social e cria um espaço mais propício para a aprendizagem.
Um estudo realizado na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, observou que estudantes imersos em salas de aula diversas tinham ganhos emocionais e se sentiam, em sua maioria, mais seguros, menos solitários e sofriam menos bullying. Além disso, a diversidade nas escolas também pode ter um impacto nos resultados acadêmicos. De acordo com outro estudo, este conduzido pela The Century Foundation, estudantes de uma escola no estado de Connecticut, Estados Unidos, cuja política de integração racial era aplicada com rigor, tiveram melhor performance em testes aplicados de forma padrão que alunos provenientes de escolas de bairros de classe média alta, tipicamente brancos.
Mas qual deve ser o papel da escola quando se trata de diversidade? Para muitos alunos, o primeiro e mais acentuado contato com culturas, etnias e religiões diferentes das de seu núcleo familiar se dá na instituição de ensino. A forma como essa exposição ocorre é importante para que desenvolvam o sentimento de que respeitar a diversidade é o natural.
Para isso, é fundamental que as salas de aula de fato sejam um ambiente diverso — o que pode ser extremamente desafiador, especialmente em escolas com mensalidades caras que acabam restritas a crianças e adolescentes de famílias de renda alta, em sua maioria brancos. Nesses casos, é importante avaliar alternativas como programas de bolsas para alunos de outros perfis socioeconômicos e raciais.
Apenas a presença desses alunos em classe, porém, não é suficiente. É preciso fomentar uma cultura que favoreça a empatia e valorize a colaboração de todos. O tema da diversidade pode ser introduzido em dinâmicas e momentos de descontração. Atividades que permitam a participação de alunos de origens diversas contribuem para o aprendizado coletivo e criam um espaço no qual a variedade de opiniões e experiências são valorizadas.
A diversidade representada no próprio material didático utilizado nas salas de aula contribui para a discussão. A ideia de “contar todos os lados da história” desperta o olhar crítico dos alunos sobre o processo de formação da população e lança luz sobre o privilégio de certas raças e culturas sobre outras, com consequências que se estendem até hoje.
Além disso, uma equipe de profissionais diversa é tão importante quanto as discussões e os trabalhos sobre diversidade: ela expõe o corpo discente e docente a ideias, valores e didáticas variadas e fortalece o comprometimento da instituição com o assunto.
Sabemos que, quando o tema é diversidade, o caminho é longo. Desconstruir padrões de discriminação e intolerância já estabelecidos na sociedade não é fácil, mas a escola está numa posição privilegiada para romper esses comportamentos e celebrar a multiplicidade brasileira. Uma cultura escolar que promove a diversidade na sala de aula ensina aos alunos uma lição tão ou mais importante quanto o conteúdo dos livros: como trabalhar — e viver — enxergando e respeitando as várias diferenças que nos fazem quem somos.
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