Empregabilidade LGBTQIA+: muito além da inclusão

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Empregabilidade LGBTQIA+: muito além da inclusão

Empregabilidade LGBTQIA+: muito além da inclusão

A violência afasta essa população dos ambientes educacionais e do mercado de trabalho. Soluções inovadoras podem ajudar a resolver esse grave problema

Por Matheus Toscano
Head de Diversidade, Inclusão e Pertencimento do Alicerce Educação*
28/06/2021

A Education Journey tem como objetivo fomentar o ecossistema de inovação na educação, facilitando o acesso a uma formação de qualidade. Sabemos do valor da informação bem embasada para esse processo, e por isso temos a satisfação de convidar alguns dos principais agentes do setor para compartilhar suas ideias em nossa seção de artigos especiais. Leia abaixo a contribuição de Matheus Toscano, head de Diversidade, Inclusão e Pertencimento do Alicerce Educação*.

A capacidade de um indivíduo de transformar, empoderar e impulsionar seus caminhos é diretamente proporcional ao quanto conhece de si e de suas habilidades.

No Brasil, o acesso à educação de qualidade, ao contato e desenvolvimento de suas habilidades socioemocionais, à qualificação profissional e às oportunidades dignas e justas de trabalho estão muito longe do ideal.

As deficiências educacionais da população brasileira são profundas, e quase 70% dos jovens chegam à idade de trabalho com graves deficiências cognitivas e socioemocionais.

Um novo mercado de trabalho, com exigências de novas competências, tende a agravar ainda mais o abismo da desigualdade.

Esse cenário dificulta e limita o poder de escolha desses indivíduos e afeta mais profundamente grupos em vulnerabilidade social e econômica. LGBTQIA+s, por exemplo.

Para este grupo, além da baixa qualidade escolar, o bullying e a violência dentro de espaços educativos têm impacto significativo no processo de desenvolvimento educacional, socioemocional e consequentemente em suas perspectivas de empregabilidade, sem mencionar em sua saúde e bem-estar.

A violência homofóbica e transfóbica atinge estudantes que são – ou que são percebidos como – lésbicas, gays, bissexuais ou transgênero. Ela também afeta aqueles cuja expressão de gênero não se encaixa nas normas e nas expectativas sociais, a exemplo dos meninos que são percebidos como “femininos” ou das meninas que são percebidas como “masculinas”.

Crianças e jovens LGBTQIA+ que frequentam esses ambientes hostis têm maior probabilidade de não se sentirem seguros na instituição em que estudam, evitando atividades escolares, perdendo aulas e deixando de frequentar regularmente o curso. Com isso, podem apresentar baixíssimos resultados de desenvolvimento cognitivo e socioemocional.

Dados sobre essas questões são bem escassos, porém, segundo uma pesquisa realizada em 2017 pela Rede Nacional de Pessoas Trans no Brasil, 82% dos jovens trans abandonam a escola entre os 14 e 16 anos. Além disso, são cinco vezes mais suscetíveis à violência e ao bullying quando comparados com outros estudantes não transgêneros.

Adolescentes travestis, transexuais e transgêneros enfrentam ainda desafios que vão desde não ter seu nome social respeitado durante a chamada até o dilema de qual banheiro utilizar.

É importante pontuar que para parte da população LGBTQIA+ brasileira não existe evasão, existe expulsão. A violência e as agressões vivenciadas cotidianamente os retiram compulsoriamente de ambientes educacionais, de dentro de suas casas e, também, do mercado de trabalho.

Diante desse cenário, assegurar o direito à educação e ao trabalho da população LGBTQIA+ significa romper com esse ciclo de exclusão social.

Considerando que a educação é a principal ferramenta na amenização dessas desigualdades e preconceitos, e tendo em vista a infeliz ausência de políticas públicas relacionadas ao tema que tragam perspectivas positivas no curto e médio prazo, a transformação social que buscamos no Brasil se volta para a iniciativa privada. Isso encontra respaldo na Constituição Federal, que em seu artigo 209 frisa que “o ensino é livre à iniciativa privada”.

Com real poder de investimento, o setor privado, e em particular as edtechs, tem mais flexibilidade para inovar e propor abordagens disruptivas para resolver esse grave problema da falta de evolução na educação para públicos minorizados.

A empregabilidade real vai além da capacitação para essa ou aquela competência ela passa pela recuperação da base educacional e pelo investimento no desenvolvimento real de habilidades cognitivas e socioemocionais.

Esse processo vai muito além da inclusão. Ele gera oportunidades verdadeiras de crescimento pessoal e profissional e devolve a essa população a chance de serem protagonistas das suas possibilidades. E, assim, fazer algo que há algum tempo foram impedidos de fazer: sonhar.

É imprescindível corrigir a base para transformar o todo.

O Brasil não pode mais esperar.

* Alicerce Educação é uma empresa de impacto social que desenvolve de forma acelerada a base educacional de pessoas de qualquer idade e em todo contexto social.

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