Menos estereótipos de gênero para mais meninas nas exatas

Confira seis dicas para diminuir os entraves que costumam afastar meninas de algumas das áreas com maior potencial de impacto no mundo contemporâneo

Publicado por Camila Pereira
Data: 08/03/2021

Se alguém pedisse a você que desenhasse uma pessoa que trabalha com matemática, ciências ou engenharia, qual a primeira imagem que viria à sua cabeça? É muito provável que seja uma figura masculina — afinal, esse é um estereótipo bastante reforçado na nossa cultura. E esse condicionamento começa cedo: estudos em que crianças foram solicitadas a desenhar pessoas com essas profissões mostraram que elas tinham uma propensão maior a desenhar homens.

Embora já tenham sido descartadas teorias que associam preferências por determinadas áreas de estudo a diferenças biológicas entre meninos e meninas, as mulheres continuam bastante sub-representadas nas áreas de STEM (sigla em inglês para Science, Technology, Engineering and Mathematics — Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática em português). Vieses culturais e diferenças nos estímulos educativos recebidos por crianças de cada gênero podem explicar essa diferença.

Com a tecnologia e as ciências obtendo um papel cada vez mais importante na nossa sociedade e economia, essa disparidade se torna um problema social grave, com efeitos negativos sobre a empregabilidade e a capacidade das meninas de influenciarem o mundo e contribuírem para a resolução de problemas que afetam a todos.

Naturalmente, não é necessário transformar todas as mulheres em profissionais de exatas. Mas as evidências mostram que muitos fatores podem estar impedindo meninas de exercerem seu potencial nessas áreas. Como os adultos podem ajudá-las a superar esses estereótipos a que são submetidas desde cedo? Algumas dicas são:

• Não restringir as brincadeiras a estereótipos de gênero

Já parou para pensar como, ainda hoje, os brinquedos e as brincadeiras ajudam a reforçar estereótipos de gênero? Mesmo que algumas lojas já tenham extinguido a divisão entre produtos para meninos e meninas em suas prateleiras, é comum que as meninas sejam presenteadas com itens voltados às tarefas domésticas e aos cuidados pessoais, como bonecas, cozinhas e kits de maquiagem, enquanto os meninos recebem mais jogos de montar, investigar e explorar. Acabe com essa lógica e garanta acesso a brincadeiras variadas, independentemente do gênero da criança. Todos sairão ganhando!

• Trazer a experimentação para o dia a dia

A ciência não precisa ser encarada como algo abstrato! O método científico se baseia principalmente em experimentações e comparações entre experimentos. Que tal testar o que acontece quando se joga sal em um cubo de gelo e em outro não? E quando se mistura água com óleo de cozinha? Qualquer pergunta pode ser o início de uma nova descoberta!

• Procurar oportunidades de resolver problemas com matemática

A matemática pode ser intimidante. Para diminuir os receios com os números, mostre como eles podem ser usados em situações concretas do dia a dia. Por exemplo, calcular juntos o desconto nas promoções. Outra ideia, que também incentiva a consciência financeira, é fazer exercícios de poupar para comprar algo que deseja ou começar um pequeno negócio.

• Incentivar a curiosidade

Todas as perguntas são válidas! Ajude as pequenas a encontrarem estratégias para cada pergunta que surgir. Dessa forma, você incentiva a prática da investigação, tornando-a amigável.

• Expor modelos de mulheres nessas áreas

Os modelos que apresentamos para as crianças podem influenciar fortemente as suas áreas de interesse. Porém, em geral há poucas mulheres servindo de referência em áreas como ciências, matemática e tecnologia. Que tal descobrir algumas heroínas que impactaram a história atuando em STEM? Por exemplo, a primeira pessoa a criar uma linguagem de programação foi uma mulher, a britânica Ada Lovelace. Conhecer mulheres reais trabalhando nessas áreas torna ainda mais próxima a possibilidade de se ver trilhando uma carreira parecida. Que tal procurar vídeos na internet com depoimentos de profissionais ou marcar uma visita àquela sua conhecida que atua em uma dessas áreas?

• Valorizar o esforço mais do que o talento

Infelizmente, é muito mais comum atribuirmos um talento natural para as ciências e a matemática a meninos do que a meninas. Mas esse problema pode se tornar uma vantagem: estudos indicam que o esforço é mais importante do que um suposto talento natural para o sucesso acadêmico e profissional. Por isso, deixe claro que não existe uma predisposição para uma certa área, mas que qualquer interesse pode ser desenvolvido com dedicação.