Mindset: o aprendizado mais importante para o sucesso

Pesquisas na área de psicologia apontam que a crença no desenvolvimento da própria inteligência é fundamental para o êxito escolar e profissional

Publicado por Camila Pereira
Data: 17/03/2021

O que determina que um estudante ou profissional será bem sucedido? Para encontrar a resposta, a pesquisadora americana Carol Dweck estudou quais fatores psicológicos levam a comportamentos que geram sucesso no longo prazo. Ela percebeu então que, muito além do QI, é o padrão de mentalidade da pessoa (mindset, na expressão em inglês) que é determinante para o êxito.

Em mais de 20 anos de pesquisa, Dweck verificou que existem dois padrões de mentalidade dominantes. A mentalidade fixa tem raízes na ideia de que nascemos pré-determinados ao sucesso, com qualidades e limitações imutáveis. Pessoas com esse mindset atribuem os seus resultados a características pessoais inatas ou desenvolvidas logo no início da vida, e não às circunstâncias e como reagem a elas. Por isso, acabam tendo pouca resiliência quando enfrentam dificuldades e fracassos.

Já as pessoas com mentalidade de crescimento acreditam na possibilidade de desenvolver as próprias habilidades. Elas tendem a encarar os desafios de forma impessoal e com uma atitude mais positiva, aproveitando-os como oportunidades para gerar aprendizado. Os estudos de Carol Dweck apontam que, no longo prazo, uma mentalidade de crescimento se mostrou determinante para a obtenção de sucesso acadêmico, profissional e pessoal.

Essas descobertas tiveram um impacto considerável na forma como entendemos a educação. Por exemplo, elogiar as crianças de acordo com supostos talentos e habilidades inatas pode ser perigoso. Com o tempo, ela pode entender que, se precisa se esforçar para algo, é porque não é boa o suficiente para fazer aquela coisa. Logo, pode desistir facilmente frente a novos desafios, desperdiçando oportunidades de aprendizado. Elogiar e valorizar o esforço é, por isso, uma estratégia mais acertada para fomentar o mindset adequado.

No entanto, algumas confusões sobre esse tema também são possíveis: não é suficiente apenas encorajar os estudantes a continuarem tentando. Um risco é o de colocar neles toda a responsabilidade pelo próprio aprendizado. É papel do educador, também, ajudar a encontrar novas estratégias quando um aluno continuamente tem problemas com um tema.

Analogamente, para um estudante com poucas dificuldades podem ser oferecidos desafios extras. Isso estabelece como mais importante a atitude de estar continuamente aprendendo, e não apenas criar uma reputação sobre o seu potencial. Como Carol Dweck pergunta em seu livro Mindset: a nova psicologia do sucesso: “Sucesso tem a ver com aprendizado ou serve para você mostrar que é inteligente?”

Lado a lado com esse conceito, está a aceitação do erro como parte natural do processo de aprendizagem. Ambientes competitivos em excesso tornam mais difícil cultivar  uma mentalidade de crescimento. Para evitar sentimentos como vergonha e culpa decorrentes do fracasso, podemos ser levados a evitar qualquer confronto com situações que nos trariam aprendizados e possibilidades de desenvolvimento.

Isso se aplica tanto para a nossa vida acadêmica quanto para o nosso desenvolvimento profissional — e, até mesmo, para a forma como encaramos nossos relacionamentos pessoais. Por isso, respeitar o tempo e o processo de cada um, além de acreditar que todos podemos aprender se tivermos a oportunidade, são os principais motores da implementação do mindset descrito por Carol Dweck.