Realidade virtual: uma educação multidimensional

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Realidade virtual: uma educação multidimensional

A realidade virtual é uma experiência totalmente imersiva em um mundo simulado computacionalmente — e pode ser usada com diferentes objetivos pedagógico

Por Camila Pereira

Se algo tão corriqueiro como fazer uma chamada de vídeo parecia coisa de ficção científica há apenas poucas décadas, faz todo sentido perguntar: que outras mudanças o avanço tecnológico nos reserva? Sem dúvida, uma das tecnologias que mais devem impactar nosso dia a dia nos próximos anos é a realidade virtual (também conhecida como VR, do inglês virtual reality). Exatamente por isso, muito se fala sobre o seu potencial de aplicação também na educação.

O termo realidade virtual se refere a uma experiência totalmente imersiva em um mundo simulado computacionalmente. Outros conceitos próximos são a realidade aumentada, em que se introduz elementos gerados computacionalmente na realidade como a conhecemos, e a realidade mista, que combina esses elementos com os reais de forma interativa. A realidade virtual normalmente requer o uso de óculos especiais, enquanto que as outras duas podem ser construídas com aplicativos de celular, por exemplo.

O jogo Pokemon Go é um exemplo de realidade aumentada
O jogo Pokemon Go é um exemplo de realidade aumentada

Uma das aplicações com maior potencial para essas ferramentas é a criação de simulações para treinamento. Isso é especialmente útil em situações que oferecem alto risco na vida real, como pode ocorrer na formação de médicos, de militares ou mesmo na realização de experimentos de ciências demasiadamente complexos para a sala de aula.

Segundo um estudo recente da universidade de Stanford, um dos efeitos observados com o uso de realidade virtual foi o aumento na auto-eficácia dos estudantes se comparado com experiências tradicionais. Ou seja, eles se sentiram mais confiantes sobre o conhecimento adquirido por terem tido a oportunidade de experimentar os conceitos estudados em uma simulação. Um dos desafios para o design desse tipo de aplicação, porém, é definir como podemos avaliar se o aprendizado pode ser transferido para a vida real.

Também vem sendo bastante investigado o possível uso das tecnologias imersivas como instrumento para desenvolver a empatia. Afinal, elas nos possibilitam simular “caminhar nos sapatos” de outras pessoas e compreender seu ponto de vista. A realidade virtual poderia, assim, ser uma ferramenta para facilitar a incorporação do desenvolvimento dessa importante habilidade socioemocional nos currículos escolares. O problema é que isso parece depender muito do tipo de narrativa experimentada e ainda não é muito bem compreendido.

Em um outro estudo da universidade de Stanford, por exemplo, pesquisadores descobriram que participantes que vivenciaram uma história sobre ser um morador de rua em formato imersivo demonstraram uma atitude mais positiva com relação a esse grupo e uma propensão maior a apoiar a causa de moradia acessível do que outros que apenas leram ou assistiram à narrativa em uma tela. Porém, outras pesquisas não foram tão conclusivas, e em casos pontuais a experiência imersiva pareceu mesmo aumentar o viés discriminatório. Ao que tudo indica, assim como em outras mídias, o potencial da ferramenta depende muito da forma como ela é utilizada.

Mas, sem dúvida, as experiências imersivas podem, sim, aumentar nosso repertório em termos de diversidade de pontos de vista. Talvez possamos começar a falar até mesmo de vivências que poderão existir apenas no mundo virtual. A verdade é que ainda há um longo caminho a percorrer com relação a como essas tecnologias nos afetarão, especialmente se falamos de aplicações em educação. 

Por exemplo, é interessante desenvolver a capacidade de empatizar com uma pessoa que viveu uma determinada situação, como o Holocausto, a escravidão ou a imigração forçada, sem precisar vivenciar e adquirir o mesmo trauma. Também podemos considerar não apenas como essas ferramentas podem apoiar a implementação do currículo, mas também quais novos currículos seriam possibilitados por seu uso. Se as nossas mídias vão ganhar mais dimensões, afinal, talvez seja a hora de pensar em como a também educação pode ser mais multidimensional.

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