Nesta metodologia, estudantes têm contato inicial com o tema ainda em casa, e a escola torna-se um espaço para aprofundar conhecimentos e realizar projetos
Publicado por Luisa Pereira
Data: 25/01/2021
Em uma era em que o conhecimento pode ser facilmente acessado através de computadores e celulares, muitos professores têm subvertido a lógica tradicional e usado o tempo em sala de aula não para transmitir conteúdos, e sim para que os estudantes esclareçam dúvidas, engajem-se em debates ou realizem projetos individuais ou colaborativos sobre os temas propostos. É o chamado modelo da sala de aula invertida (flipped classroom, na expressão em inglês).
Nessa proposta, a aprendizagem deixa de seguir a fórmula aula expositiva mais deveres de casa. É fora da escola que a aprendizagem começa, com os alunos assistindo a vídeos e consultando outros materiais de referência preparados ou indicados pelo professor. A sala de aula torna-se um espaço para consolidar, aprofundar e implementar esses conhecimentos, de preferência com atividades de viés prático.
Para quem está à procura de metodologias ativas que ajudem na individualização do ensino, a sala de aula invertida pode ser uma ótima opção. A otimização do tempo em classe permite que o professor dedique sua energia e atenção para atender aos alunos individualmente. Assim, estudantes que apresentem mais dificuldades no assunto podem receber a ajuda necessária, enquanto aqueles com mais facilidade serão estimulados com discussões e resoluções de problemas propostos.
A personalização do ensino também é reforçada na parte da aprendizagem que ocorre em casa. O aluno tem liberdade para assistir ao conteúdo na velocidade desejada, parar o vídeo para fazer anotações, rever um tópico anterior que não havia ficado claro ou pesquisar materiais complementares para sanar dúvidas que surgirem pelo caminho. Com isso, há mais flexibilidade para aprender os conceitos realmente importantes ao invés de escutar passivamente o conteúdo em sala de aula.
Porém, é importante ressaltar que a sala de aula invertida não consiste na substituição do professor por vídeos. Na verdade, ela possibilita o aumento da interação não só entre o professor e o aluno como também entre os próprios alunos. As atividades propostas abrem espaço para a colaboração e o trabalho em equipe, com os estudantes se ajudando mutuamente e utilizando os pontos fortes de cada para a resolução de problemas.
Sala de aula invertida na prática
Vejamos um exemplo prático. A escola preparatória de Shorecrest, nos Estados Unidos, utilizou o modelo da sala de aula invertida para trabalhar o ciclo da água. Em casa, os estudantes assistiram a uma introdução ao conteúdo em vídeo, com duração de 15 minutos. Depois, puderam selecionar três fontes diferentes de uma lista para aprofundar o assunto.
Concluída essa preparação inicial, e já na sala de aula, os alunos foram divididos em grupos para discutir perguntas propostas pelo professor. Esse andava de grupo em grupo tirando quaisquer dúvidas que fossem surgindo. Após o momento de colaboração, cada um criou o próprio vídeo explicando e consolidando o que tinham aprendido sobre o ciclo da água.
Um aspecto negativo dessa proposta é que normalmente ela requer mais trabalho dos professores, especialmente se quiserem gravar o próprio conteúdo. No entanto, para começar, pode-se escolher temas que são mais facilmente adaptáveis, como os que são mais demorados para explicar em sala ou os que já têm bom material disponível na internet. Afinal, trata-se de uma metodologia que pode ser implementada de forma gradual, iniciando-se com aulas isoladas de acordo com a preferência do educador e a disponibilidade de recursos educativos.
Com a cultura digital cada vez mais presente na vida de todos, a sala de aula invertida pode ser uma solução adaptada às demandas e à realidade das novas gerações. O professor assume o papel de orientador da aprendizagem, e o aluno aumenta suas chances de realmente entender e conseguir aplicar o conteúdo das aulas.