Nesse modelo, alunos evoluem em seu próprio ritmo e têm mais liberdade para utilizar os recursos de sua preferência para atingir os resultados esperados
Publicado por Bruna Fleury
Data: 22/01/2021
Na educação, o que é mais importante: o tempo dedicado por um aluno a estudar um assunto ou o grau de domínio que ele obtém do mesmo? Considerando-se que cada pessoa tem seu ritmo próprio de aprendizagem, parece não haver dúvidas de que se trata da segunda opção. Por isso, cada vez mais escolas em todo o mundo investem no modelo de educação baseada em competências.
Nesse modelo, os objetivos de aprendizagem são definidos e expostos aos estudantes logo no início do curso. A partir daí, cada um tem liberdade para escolher os recursos que lhe parecerem mais adequados para chegar ao resultado desejado — sempre, claro, com a orientação do professor.
Apenas após mostrar proficiência nas competências exigidas é que o estudante avança para a próxima etapa, independentemente do tempo dedicado a elas. As formas de avaliação também costumam ser mais flexíveis, muitas vezes prescindindo dos testes tradicionais.
O currículo, assim, passa a poder ser organizado sob outra lógica. Como as competências desejadas normalmente integram conteúdos interdisciplinares, algumas escolas optam por abolir a divisão tradicional por disciplinas. Outras vão ainda mais longe e misturam alunos de diferentes idades de acordo com suas habilidades. Assim, um mesmo estudante pode colaborar em projetos de matemática com colegas mais velhos e participar de atividades de português com outros mais novos.
O ponto forte dessa abordagem é a adaptabilidade, pois leva em conta diferentes níveis de alfabetização, conhecimentos prévios e outras aptidões relacionadas. O conteúdo é adaptado às necessidades e aos interesses de cada um, o que se torna possível através do profundo conhecimento das características do estudante e de permanentes reflexões conjuntas para definir os próximos passos.
Já seus desafios são semelhantes aos de outros tipos de aprendizagem: a dificuldade de identificar com segurança quais são as competências mais importantes, como melhor avaliá-las e, principalmente, como apoiar aqueles que estejam enfrentando dificuldades.
Uma educação baseada em competências bem sucedida, porém, sempre terá as seguintes características:
Baseada em resultados – O primeiro passo deve ser a definição clara dos resultados desejados. Ao focar nos resultados, as instituições têm o poder de desenvolver recursos e avaliações compatíveis com os mesmos.
Centrada no aluno – Cada aluno tem a oportunidade de desenvolver habilidades e adquirir conhecimentos em seu próprio ritmo. Além disso, há espaço para a aprendizagem colaborativa: os estudantes podem trabalhar juntos para atingir seus objetivos.
Feedback – Fornecer feedback e orientação aos alunos os ajuda a progredir em seus itinerários de aprendizagem e a se tornarem melhores nas habilidades adquiridas.
Agência do aluno – Os alunos podem selecionar recursos de aprendizagem com base em suas escolhas e preferências. Para saber mais sobre a agência do aluno, leia este artigo.
Ao dar mais liberdade para o estudante, que não precisa passar um número pré-determinado de horas em uma sala de aula, exposto aos mesmos conteúdos que os colegas, a educação baseada em competências favorece o desenvolvimento holístico dos indivíduos. Eles aprendem a adquirir conhecimentos e habilidades e a aplicá-los a problemas da vida real, já que o viés prático é um dos pilares dessa abordagem.
Além disso, esse modelo também os ajuda a explorar diversas oportunidades de aprendizagem e a refletir sobre seus próprios resultados, identificando o que funciona melhor em cada situação. Assim, guia os alunos em uma jornada altamente pessoal que os ajudará a se tornarem profissionais e cidadãos mais atuantes e conscientes de suas capacidades.
Fontes:
https://www.ed.gov/oii-news/competency-based-learning-or-personalized-learning